FATURANDO COM A DESGRAÇA DOS OUTROS

Mais uma vez a nossa mídia televisiva demonstrou toda a sua falta de seriedade, quando se trata de obter uns pontinhos a mais na audiência. No episódio do seqüestro na cidade de Santo André em São Paulo, foram apontados vários erros que podem ter conduzido uma das reféns à morte. No entanto, pouco foi falado de um deles: a permissão da polícia para que as emissoras de televisão ficassem transmitindo o tempo todo ao vivo, municiando o seqüestrador de informações e transformando-o numa celebridade. Houve até quem entrevistasse o rapaz durante os acontecimentos. Nos dias que se seguiram ao cruel desfecho do caso, a televisão continuou exercendo seu lamentável papel. Teve uma apresentadora que transmitiu ao vivo o velório e o enterro da vitima, com os devidos intervalos para merchandising!  Quanto à sobrevivente, após a entrevista dela à TV Globo, maquiada como uma “mulher fatal”, a Editora Abril deve estar lamentando por ela ainda não ter idade pra sair na revista Playboy. É o que geralmente acontece quando algum espécime do sexo feminino fica famoso, positiva ou negativamente. Afinal, hoje em dia o computador dá jeito em tudo. É só lembrar o caso da namorada do Renan Calheiros. (nov/2008)