“AINDA BEM QUE O BURACO É DO TEU LADO DA CANOA” (final)

Apolônio mencionou a questão da lei para o frentista, e ele respondeu que isso era problema do patrão e não dele, empregado. Apolônio insistiu, dizendo ao rapaz que era sim, problema dele também, já que procedimentos assim poderiam determinar o fechamento do posto e ele ficaria sem trabalho, ao que o frentista respondeu: “é, mas aqui, se a gente abrir a boca, vai direto pro olho da rua...”.

Bom, Apolônio não abasteceu o carro. Foi embora com a certeza de que naquele estabelecimento havia um sério problema: quem tratava diretamente com os clientes não usava a cabeça. E havia duas hipóteses para isso, ambas igualmente danosas à sobrevivência da organização: ordens superiores ou recusa a pensar, por parte do funcionário. Neste último caso, o trabalhador estaria agindo como naquela história dos dois compadres que viajavam de navio. A certa altura, em alto mar, um deles disse para o amigo: “Compadre, acho que o navio tá afundando”. O outro respondeu: “deixe que afunde, compadre. Não é nosso.“. volta<<<